segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Especialista defende um mês sem sexo na África do Sul para conter avanço da aids

Via Mulher 7x7
Por Letícia Sorg
10.11.2010


O professor Alan Whiteside, da Universidade de KwaZulu-Natal, defendeu a total abstinência sexual por um mês para conter o avanço da aids na África do Sul e outros países muito afetados pela doença. Whiteside, que é diretor da divisão de pesquisa sobre HIV da universidade, sugeriu a estratégia em uma conferência sobre a doença na cidade de Midrand, na área metropolitana de Joanesburgo, nesta quarta (9).

Segundo o especialista, 30 dias de abstinência ou de sexo 100% seguro, com camisinha, poderiam diminuir o número de novos casos da doença. Isso porque o período logo depois do contágio pelo vírus HIV é o mais infeccioso: segundo estudos, entre 10% e 45% dos novos casos acontecem nessa fase.

“Se todo mundo em uma população se abstivesse de comportamentos sexuais de risco por um período, em tese, a carga viral de todas as pessoas que contraíram o vírus recentemente vai sair da fase mais aguda de infecção. Quando as pessoas voltarem ao comportamento de risco, não haveria quase nenhum indivíduo nessa fase, reduzindo o risco de contágio, e gerando uma queda na incidência do HIV”, explica Whiteside em um artigo publicado em abril deste ano.

Whiteside citou o Ramadã para exemplificar como é possível reduzir o comportamento sexual de risco entre as pessoas por um período determinado de tempo. Durante o mês sagrado para o Islã, os muçulmanos se abstêm do sexo durante o dia.

“Queremos intervir nesse período”, disse Whiteside na conferência. “Se pudéssemos parar o contágio por um mês ou um pouco mais, poderíamos ter um grande impacto na epidemia que enfrentamos nessas regiões.”

Na África do Sul, quase 12% da população têm o vírus HIV. Como base de comparação, menos de 1% da população adulta brasileira convive com o vírus, segundo dados da ONU de 2007. Na Suazilândia, país natal de Whiteside, quase 50% das mulheres entre 25 e 29 anos de idade são soropositivas. Nas regiões epidêmicas, segundo o professor, a taxa de infecção pode chegar a cinco novos casos para cada duas pessoas em tratamento. Os novos infectados colocam uma pressão constante no sistema de saúde, que não consegue fornecer tratamento para todos que precisam. Daí o papel essencial da prevenção. Continua