Via Folha.com
Simone Iglesias, enviada a Maputo
08.11.2010
Lula diz que não é "um ou outro caso" que vai impedir sucesso do Enem
Ao chegar nesta segunda-feira a Moçambique, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que os problemas causados na prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) no fim de semana não acabarão com o "sucesso" do sistema de seleção adotado por seu governo. Lula afirmou que muitas pessoas não se conformam com o Enem e querem de todas as formas acabar com ele.
"Tem muita gente que quer que afete. Até hoje tem gente que não se conforma com o Enem. Mas, de qualquer forma, ele provou que é extraordinariamente bem sucedido", disse.
Lula criticou o jornalista de Pernambuco que tentou demonstrar que a prova tinha deficiências de segurança. "Um jornalista tentou demonstrar que havia uma fraude ou uma fragilidade do sistema. É muito difícil lidar com a seriedade quando você tem pessoas que não agem com seriedade. A polícia Federal está investigando", afirmou.
O presidente chamou o ministro Fernando Haddad (Educação) no Palácio da Alvorada domingo à noite, véspera de embarcar para Maputo, para cobrar explicações.
Haddad viajaria com o presidente para inaugurar, em Moçambique, uma universidade brasileira criada em cooperação com o país africano. Mas acabou ficando no Brasil para resolver os estragos causados pelo exame no fim de semana. Continua
Via JC-email
08.11.2010
País perde R$ 56 bilhões por ano com má gestão dos recursos da educação
Estudo da Fiesp mostra que Brasil investe mais que outros países da América Latina, mas tem resultado menos efetivo na aprendizagem, taxa de aprovação e desempenho
A má gestão do dinheiro público investido na educação faz com que o Brasil perca anualmente R$ 56 bilhões, segundo um estudo da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que será apresentado em um seminário nesta segunda-feira.
Se o país investisse na área com a mesma eficiência de outros sete países da América Latina, a média de escolaridade nacional subiria 2,4 anos e o PIB per capita aumentaria 10,5% em dez anos.
Entre 1999 e 2008, o poder público do Brasil gastou US$ 978 anuais por estudante, resultando em uma média de 6,1 anos de estudo da população. Sete nações latino-americanas (Uruguai, Bolívia, El Salvador, Peru, Paraguai, Nicarágua e Equador) gastaram em média 7,4% a mais que o país (US $ 1.050 por estudante), mas a escolaridade da população ficou 35,2% superior à brasileira.
A taxa média de analfabetismo nacional foi de 11,3%, e a desses países da América Latina, de 8%. A repetência dos alunos do primário, no Brasil, atingiu 21,4% dos alunos - índice também muito superior a dos outros países latino-americanos, que tiveram 5,8% de repetência.
Na comparação com outros países, o Brasil perde ainda mais. A China gasta o correspondente a 48,5% do gasto do Brasil, mas tem anos de escolaridade 19% superior, além de uma menor taxa de analfabetismo. "Defendo que se gaste mais em educação, mas não se trata só de valores, precisamos de mais eficiência. Há países com gastos menores e resultados melhores", afirmou Renato Corona, gerente do Departamento de Competitividade e Tecnologia da Fiesp, responsável pela pesquisa.
Para o pesquisador, a culpa da ineficiência do investimento no ensino se deve a múltiplos fatores. "Entre as causas temos desde a corrupção e a burocracia, escolhas políticas equivocadas até problemas simples de gestão mesmo, como comprar computadores sem dar o treinamento adequado para os professores." Continua
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