Por Christiane Samarco
01.11.2010
Tucano não consegue convencer eleitores de que ele, e não Dilma, era o candidato ideal
BRASÍLIA - José Serra chegou ao final da segunda campanha presidencial - e mais uma vez derrotado - carregando dois grandes erros. Primeiro, o tucano não conseguiu anular a guerra eleitoral plebiscitária montada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para Dilma Rousseff. Segundo, abrindo mão de se apresentar como candidato de oposição.
Serra não conseguiu convencer o eleitor de que ele deveria trocar a "continuidade" prometida por Lula por um novo governo tucano.
Depois de admitir que Lula era um personagem da política "acima do bem e do mal" e de dizer que "candidato a presidente não é líder da oposição", Serra fez uma campanha com tanto ziguezague que, diante, novamente, da acusação de "privatista", encheu o horário eleitoral com propaganda em que revidava acusando Dilma de "já ter vendido parte do pré-sal a estrangeiros".
A expectativa inicial era bem diferente. Quando o então governador de Minas Gerais e senador eleito Aécio Neves discursou no dia 10 de abril a cerca de 3,5 mil dirigentes e militantes do PSDB, DEM e PPS, no pré-lançamento da candidatura Serra, o tucanato identificou ali o mote para a campanha de oposição. Sob aplausos entusiasmados do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e apupos de toda a plateia, Aécio voltou sua artilharia de críticas e ataques ao PT e ao modo petista de governar.
Grato pelo discurso firme de apoio do mineiro, Serra chegou a beijar Aécio na face. Mas a cortesia política parou aí. Lançada a candidatura, o ex-governador não foi chamado para discutir e definir as táticas da campanha. Ao contrário, os encontros iniciais com Fernando Henrique e o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) acabaram suspensos pelo próprio Serra.
"São reuniões da agenda negativa", queixava-se o candidato Serra. Além da resistência a críticas e sugestões, havia o temor de que eventuais reparos vazassem para a imprensa. Serra não ouviu os líderes tucanos ao longo da campanha até a votação em primeiro turno. Colocado de escanteio, FHC não escondeu a mágoa nem a decepção com o candidato que não assumia o legado de seu governo e acabou perdendo a identidade. Continua
Leia também:
- Banco de Notícias
- Tributo à liberdade de imprensa; por Paulo Cabral
- Soninha Francine e prefeito de Osasco, Emidio de Souza, discutiram sobre acusações na campanha presidencial
- Sem documento com foto, abstenção de índios na eleição pode ser grande
- Rousseff promete mantener la obra de Lula en Brasil
- A via Dilma
- A repercussão internacional
- Íntegra 1º discurso de Dilma
- Ouça a íntegra do discurso de Serra
- Site de Serra é hackeado